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TUPINAMBÁ

Nós, os Tupinambá, somos um povo do tronco tupi. Quando os invasores chegaram à Pindorama - a nossa terra - em 1500, éramos milhões de habitantes neste território. Nossas aldeias formavam vastas cidades... Mas não cidades no sentido do invasor colonizador europeu... Nossas populações, então, se espalhavam pela Terra das Palmeiras desdes as planícies amazônicas até o litoral sul-sudeste... Havia tupinambá no que hoje é o Amazonas, o Pará, no Maranhão, Ceará, Pernambuco, Bahia, Espírito Santo, Rio de Janeiro, São Paulo... Mas não só...

Além disso, é preciso lembrar que a nossa língua, o tupinambá (também chamada de tupi antigo ), era, já naqueles tempos, falada por diversos outros grupos étnicos originados de dentro do nosso.povo... Então podemos dizer que todos somos membros da grande Nação dos filhos de Tupã...

O próprio termo tupinambá é objeto de traduções divergentes... Alguns estudiosos da nossa língua vão definir tupinambá como significando "os tupi mais antigos", ou "os primeiros tupi". Essa definição aproxima o termo tupinambá do significado do vocábulo "Tamoio", que quer dizer os mais idosos, os mais velhos - termo esse, tamoio, pelo qual também os povos tupinambá eram designados em 1500 por nossos antepassados...

 

Com a invasão europeia e a colonização, nossas avós, nossas mayara foram caçadas à laço e estupradas, nossos tamoio e crianças, e guerreiros, foram mortos ou aprisionados, catequizados, escravizados e mestiçados... Embranquecidos, acaboclizados... Amulatados... empardecidos... Desterritorializados, desaldeados, proibidos... Silenciados... Perseguidos... Apagados e assim invisibilizados... Mas também assim... ocultos nas cidades coloniais, nas matas e nos campos... sobrevivemos em meio ao nosso território devastado, vendo as nossas aldeias massacradas em rios de sangue, no genocídio... Mas as nossas linhagens se perpetuaram até estes dias... Assistindo, ao longo dos séculos, nossas Aldeias, muitas e grandes aldeias incendiadas e destruídas pela ganância e a soberba prepotente do invasor... Nossas florestas roubadas e desterritorializadas, carregadas, levadas embora para terras distantes... E assim é até hoje... Etnocídio, ecocídio e genocídio pelas mãos dos brancos vaidosos e sempre soberbos... embriagados de ambição e ganância!... Desejo de Poder, poder!... Eis o que eles querem!... 

 

Todavia, nós resistimos e estamos aqui... Prontos para dizermos supysaua!... 

Buscamos a vida em coletivo... Em cooperação... Como parentes, irmãos e irmãs que se respeitam e que vemos uns nos outros, na anhanga uns dos outros, a Luz do fogo de Tupã, a Luz de Îasy e Koarasy... A força luminosa de 'yara... Que nos torna iguais... Por isso não aceitamos mais que nenhum seja menor e nem maior entre nós... Nem humilhar o outro e nem se humilhar perante o outro... Não exercer poder... Pois o poder foi o que destruiu e arruinou o nosso povo no passado... A vaidade de ser líder e dominar... O branco invasor chegou dizendo-se amigo... E disse que ele trazia o verdadeiro deus... E suas mentiras e a sua soberba e arrogante vaidade trouxe o canhão, o poder, a dominação... a destruição de nossa casa!... Sempre a querer ajudar... Mas sempre impondo a sua verdade eurocêntrica colonizadora... Mas a sua decantada verdade bondosa é a máscara que oculta a vaidade de quem ama o poder e as altas posições! A ganância do poder!... 

 

Dignidade é o que construímos para todos! Sem chefes nem reis... Que os nossos morubixabas sejam simples e dignos, autores em sua sabedoria, sem autoridade!... Somente autoria...

 

Uma das marcas importantes de nossa cultura está na nossa franca hospitalidade, em gostarmos de conhecer o diferente e acolhê-lo entre nós... Não guerreie com um tupinambá, confraternize com ele como irmão e irmã generosos... Tupinambá é gentil e amigo! É abaeté!.  Mas também é um guerreiro e uma guerreira, incansáveis e bravios, quando se trata de defender a verdade, a justiça, e a digna igualdade! 

 Outra forte característica nossa e bem marcante, pois, está na nossa espiritualidade, na presença em nossa cultura desse profundo sentimento de nostalgia e da busca de nossa origem espiritual - em português traduzido pela expressão Terra Sem Males... E a Terra Sem Males é a casa de Tupã, é o Ser de Tupã... E Tupã é o pai-mãe de todos nós... E tupã é o Ser do Tupinambá... Isso nos ensinaram os nossos pais antigos, os primeiros pais... Os Tamoio...

 

No que hoje é denominado de cidade do Rio de Janeiro e de estado do Rio de Janeiro, em sua ampla faixa litoral, desde o litoral norte do estado de São Paulo até a Região dos Lagos, Cabo Frio... Sim... Tudo isso é terra originária dos tupinambá do RJ... Esta terra onde fica a nossa querida cidade do Rio de Janeiro, sim... Aqui é território tupinambá... A Aldeia Maracanã é nossa comunidade originária, nossa taba, nossa aldeia Pluriétnica, onde todos nós, indígenas dos diversos troncos e etnias juntamos as nossas forças para celebrar a vida e lutarmos, resistirmos e retomarmos o nosso direito de sermos e de vivermos em nossas culturas, como povos livres, retomando os nossos territórios ancestrais. Tupinambá e todos os nossos irmãos de todas as etnias e povos originários. Pois esta é Pindorama, a Terra das Palmeiras, a nossa Ybysy, a nossa terra, a nossa casa!...

Assim nos falam os Encantados através das bocas dos nossos paîé. Assim eles nos ensinam e nos orientam na resistência, na luta e na Caminhada para a Sagrada Restauração de nossas Aldeias e de nosso povo.

 

Kunhã tupinambá, abá tupinambá, yandé guarinim oroîebyr apépe katu!

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