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Indígenas da Aldeia Maraká’nà sofrem agressão racista da Guarda fascista da Cidade do Rio

Atualizado: 19 de jan. de 2023

Operação de Ódio

Indígenas da Aldeia Maraká’nà sofrem agressão racista da Guarda fascista da Cidade do Rio

Foi nesta última quarta-feira, 28 de dezembro, por volta das 21 horas. Um grupo de indígenas da Aldeia voltava de um mercado de hortifrutigranjeiros com doações de alimentos pela Avenida São Francisco Xavier, como fazem frequentemente há muitos anos, todas as 4as e 5as feiras, sem qualquer problema.

Mas, nesta quarta, no apagar das luzes de 2022, a Guarda Municipal deteve o grupo que retornava como as sacolas pesadas de alimentos in natura, e, sem que houvesse qualquer fato contra os indígenas para justificar a abordagem arbitrária, resolveram subir o tom, “justificando” a arbitrariedade com mais violência, escalando para a agressão física mais covarde, em que cerca de 40 Guardas atacaram o grupo que não contava nem cinco indígenas. Um dos jovens da Aldeia, da etnia Maxakaly de Minas Gerais, foi imobilizado com um golpe conhecido como mata-leão, por um guarda descompensado que ameaçava “apaga-lo” com o golpe.

Os demais também sofreram espancamento e sofreram graves lesões. Foram algemados e conduzidos à 18ª. Delegacia Policial (DP). Quando puderam comunicar o fato ao seu advogado que foi ao local em sua defesa.

Mas, na DP, os indígenas, mesmo na presença de seu advogado, foram vítimas de mais uma arbitrariedade, desta vez da própria corporação policial, que se recusou a registrar a denúncia de agressão contra a Guarda. Quando era patente o uso desproporcional da força, a covardia com que a Guarda atacou o grupo.

“Eu não posso permitir que meus clientes aceitem um termo circunstanciado de crime, forjado, de desobediência ou desacato, de menor potencial ofensivo, sem poder registrar o crime mais grave de tentativa de homicídio e lesões corporais graves.”, afirmou o advogado Arão da Providência Guajajara do Centro de Defesa dos Direitos Indígenas Cauyré-CESAC.

“Como o servidor recusou-se a registrar a ocorrência do crime mais grave, não permiti que aceitassem o registro do menos grave. Pedi insistentemente para o servidor registrar a Ocorrência da tentativa de homicídio praticado pelos GMs que estavam nesta operação do ódio. Agora, terei que registrar pela corregedoria.”, complementou.

Ontem, os jovens indígenas e um mais velho, o Cacique Urutau José Guajajara, vítimas da agressão, foram, de iniciativa própria, até o Instituto Médico Legal-IML, solicitar a realização de Exame de Corpo de Delito - que foi realizado (foto abaixo), para registrar a gravidade das agressões.

A Guarda Municipal do Rio de Janeiro tem um longo histórico de violências registrado contra indígenas da Aldeia Maraká’nà. Desta vez, como de outras, no passado, também na gestão do Prefeito Eduardo Paes que ainda não se pronunciou sobre o caso.

A presença do corpo da GM no entorno do Maracanã, com restrição às vias no perímetro de acesso ao estádio, em dias de evento, para garantir o acesso exclusivo dos pagantes e pessoas credenciadas ao estádio, há muito representa um estorvo para os moradores e usuários do local, que têm cerceado o seu direito de ir e vir.

Isto para não falarmos do caos sanitário causado pelos milhares de usuários do estádio que, sem banheiros disponíveis, urinam na região, em repetido flagrante de atentado ao pudor e à saúde pública, negligenciados pelos poderes públicos, pela própria GM responsável por impedir tal prática, e pela gestão privada do estádio, que apenas operam visando a garantia de seus interesses capitalistas, se esquivando de adotar as medidas sanitárias necessárias.

A circulação dos moradores no entorno em dias de grandes eventos é um tormento, mas, casos como este, de restrição de acesso seguido de grave agressão, é um tipo de tratamento exclusivamente aplicado aos moradores indígenas da área, o que também repercute para caracterizar o crime de ódio racial, institucionalizado, contra os indígenas, pelo poder público municipal.

Como cidadãs deste município, somos todas corresponsáveis com o ódio racista da Guarda Municipal que reflete nossa formação histórica colonialista até a atualidade. E, neste sentido, como cidadãos, cada um de nós individualmente, cada entidade, organização, partido, parlamentar, grupo, coletivamente, devemos manifestar publicamente nosso REPÚDIO CONTRA A VIOLÊNCIA RACISTA DA GUARDA À ALDEIA MARAKÁ’NÀ.

E neste sentido, pedimos a solidariedade de todas as pessoas, que repudiam esta violência, na divulgação destas informações, na denúncia destes fatos, na cobrança de uma atitude responsável da prefeitura quanto a estes fatos, no acompanhamento de mais este processo em defesa dos povos indígenas frente a violência fascista institucionalizada pelo Estado.

Aldeia Rexiste!

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